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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

23,48% dos paraibanos não sabem ler e escrever

Por: NATÁLIA XAVIER
http://jornaldaparaiba.globo.com/
Em, 30/09/2009

Flávio Tavares

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 659 mil paraibanos com mais de 15 anos ainda não sabem ler nem escrever, o que representa 23,48% da população do Estado. O dado se torna ainda mais preocupante quando somado aos analfabetos funcionais, pessoas que conseguem decifrar palavras ou frases curtas, mas não conseguem interpretar um texto. Este índice chega a 36,8% da população paraibana com mais de 15 anos. Estes números colocaram a Paraíba em terceiro lugar no ranking dos Estados brasileiros com maior percentual de analfabetos e em sétimo lugar quando considerado o número absoluto de analfabetos no Estado.
De acordo com informações da Secretaria Estadual de Educação, no ano de 2008 a Paraíba recebeu mais de R$ 4,3 milhões para o Programa Brasil Alfabetizado, voltado à alfabetização de pessoas com idade acima de 15 anos. Mas, segundo José Alves Dionísio, gerente executivo da Educação de Jovens e Adultos na Paraíba, apesar dos investimentos do Governo Federal, o Estado não conseguiu cumprir a meta de alfabetizar 70 mil pessoas em 2008. “Cerca de 53 mil pessoas estão sendo alfabetizadas na edição do Programa Brasil Alfabetizado 2008, que está sendo desenvolvido até fevereiro de 2010. Pretendemos compensar este déficit no projeto de 2009 através de divulgação nas regionais de ensino”, afirmou José Dionísio.
Atualmente, 176 municípios paraibanos têm polos de ensino do Programa Brasil Alfabetizado, criado em 2003 com o objetivo de erradicar o analfabetismo no País. Para o secretário Estadual de Educação, Sales Gaudêncio, para mudar esta realidade é preciso que o Estado cumpra integralmente o Projeto Brasil Alfabetizado. “Os dados apresentados são indicativos muito preocupantes e desagradáveis. Nós temos que implementar uma política urgente para tentar baixar estes índices de analfabetismo”, declarou o secretário.
De acordo com a pesquisa, o número absoluto de paraibanos com mais de 15 anos que não sabem ler, ultrapassa o índice de Estados como o Rio de Janeiro, que tem aproximadamente cinco vezes mais habitantes que a Paraíba. Além do Paraná e do Rio Grande do Sul, ambos com aproximadamente o triplo de habitantes da Paraíba.
Em 2008, no Brasil, havia 14,2 milhões de analfabetos entre pessoas com mais de 15 anos, o que representa 10% deste grupo de faixa etária. Já o Nordeste, região com maior concentração de pessoas que não sabem ler, 19,4% da população com mais de 15 anos não sabe ler nem escrever.
DIFICULDADES
O trabalho, as atividades domésticas e o preconceito são alguns dos problemas enfrentados pelos adultos que frequentam as aulas de alfabetização. Maria Genilda da Silva, de 49 anos, chegou a frequentar as aulas em uma escola próxima de sua casa, mas acabou abandonando os estudos por causa de outras obrigações. “Eu cuido da minha mãe, que tem 84 anos, e de dois netos, uma neta de 12 e um neto de onze anos. Ir às aulas ficava difícil por causa das minhas obrigações. Além disto, meu marido não gostava que eu saísse de casa à noite para ir para à aula”, contou.
Maria Genilda afirmou que frequentou as aulas durante um ano, conseguiu aprender a ler algumas palavras mas não consegue escrever. “Eu consigo ler algumas palavras, mas leio bem devagar. Minha dificuldade maior é escrever”, lamentou.
Entre as dificuldades enfrentadas diariamente por não saber escrever e ler, Maria Genilda citou a hora de pegar ônibus. “Além de não conseguir ler rápido, eu tenho dificuldades de ver. Às vezes não consigo saber para onde o ônibus vai. Também sinto falta na hora de cozinhar, porque não consigo ler as receitas”.
Para a professora Vilma Rodrigues, que trabalha com a educação de jovens e adultos, a principal dificuldade enfrentada é a baixa frequência dos alunos, causada sobretudo pela dificuldade de conciliar as aulas com o horário de trabalho. “Muitos alunos trabalham com plantões e às vezes passam a semana sem poder vir à escola. Além disso, quando o horário permite o cansaço prejudica o aprendizado”.

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