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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Gracias, Mercedes Sosa!



“A voz da América Latina”, foi o que mais se ouviu após a morte de Mercedes Sosa ser anunciada, no domingo. A cantora argentina, de 74 anos, estava internada desde o dia 18 de setembro, com uma doença hepática que foi agravada por problemas respiratórios. A comoção em Buenos Aires levou muitos fãs à despedida da cantora no Congresso Nacional argentino.
Vários artistas brasileiros já reverenciaram não só o talento de Mercedes Sosa, mas o que ela representava em termos de integração da América Latina. Milton Nascimento, Beth Carvalho, Fagner, Gal Costa, Chico Buarque - todos tiveram a oportunidade de, em algum momento, dividir o palco com ela. Uma das maiores artistas da música argentina - ao lado de Carlos Gardel e Astor Piaz-zolla - ela se notabilizou por músicas que continham mensagens sociais, em uma época em que tanto a Argentina quanto o Brasil eram dominados por ditaduras.
Suas canções inspiraram os opositores desses regimes nesses países e em outros do continente que também sofriam com regimes totalitários, denunciando os abusos contra as liberdades. Acabou tendo que se exilar na Europa. “La Negra”, como era carinhosamente conhecida, não era íntima da música regional por acaso: sua família trabalhava numa plantação de cana-de-açúcar. Ela se tornou, ainda adolescente, professora de dança folclórica. Aos 15 anos, participou de um concurso em uma rádio - o que resultou em um contrato de dois anos.
Foi nos anos 1970 que se tornou um símbolo das lutas democráticas, como uma das principais expressões do movimento chamado “nuevo cancionero”. Em 1979, chegou a ser presa, durante um show com uma plateia cheia de estudantes. Libertada 18 horas depois, deixou a Argentina.
Mesmo após a queda das ditaduras no continente, a cantora manteve-se gravando contra as guerras e em dia com sua postura de vida - tanto é que levou três Grammys latinos nos anos 2000: por Misa Criola, em 2000; Acústico, em 2003; Corazón Libre, em 2003. Está indicada a mais três (incluindo disco do ano), por Cantora, um disco em dois volumes lançado este ano, no qual faz parcerias com artistas como Caetano Veloso e Shakira.
Foram 70 discos, em que canções como “Gracias a la vida” e “Si se calla el cantor”. A cremação da cantora estava prevista para ontem, após o fechamento desta edição. Se a integração da Latinoamérica já é difícil para os brasileiros, só não é mais “gracias a Mercedes Sosa”.

Por: RENATO FÉLIX
http://jornaldaparaiba.globo.com/

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